Mulher segura comprimido branco e copo d'água, simbolizando o uso do Letrozol no tratamento do câncer de mama.

Letrozol: entenda como o medicamento atua no câncer de mama

Os artigos publicados neste Blog têm o intuito de educar e desmistificar crenças populares acerca do câncer de mama, assim como de todas as condições mamárias benignas e malignas que afetam a saúde da mulher. 

Ao longo do material, você pode encontrar termos populares que não correspondem aos termos médicos corretos. Recorremos a este recurso para facilitar a compreensão e o entendimento das condições mamárias e, assim, conscientizar a população sobre os cuidados necessários para a prevenção e tratamento dessas condições.

O Letrozol é um medicamento utilizado no tratamento do câncer de mama com receptor hormonal positivo, principalmente em mulheres após a menopausa. Ele reduz os níveis de estrogênio, o que ajuda a inibir o crescimento de células tumorais.

Mulher segura comprimido branco e copo d'água, simbolizando o uso do Letrozol no tratamento do câncer de mama.

O Letrozol é um inibidor da aromatase amplamente utilizado como terapia  endócrina no câncer de mama, que faz parte dos medicamentos capazes de bloquear a produção de estrogênio no organismo.

É indicado principalmente para pacientes com tumores que apresentam receptor de estrogênio positivo (RE+).

A aromatase é uma enzima responsável por converter andrógenos adrenais (hormônios produzidos pelas glândulas suprarrenais) em estrogênio, portanto, controla e regula sua produção no organismo. 

Como muitos tumores mamários crescem em resposta a esse hormônio, reduzir sua produção e sua concentração no corpo é uma forma eficaz de impedir a progressão da doença.

Por isso, o Letrozol é indicado como terapia endócrina adjuvante, ou seja, para complementar outros tratamentos, como a cirurgia de câncer de mama.

Mas também pode ser utilizado em casos de recidiva ou metástase, assim como para sua prevenção.

Neste artigo, você vai entender mais a fundo o que é Letrozol, para que serve, como ele atua no organismo, quando é indicado no câncer de mama, quais os possíveis efeitos colaterais e como é feito o acompanhamento durante o tratamento. 

O que é Letrozol?

O Letrozol é um medicamento que age bloqueando a função da enzima aromatase, que é responsável por transformar hormônios andrógenos em estrogênio.

Assim como outros medicamentos hormonais, o Letrozol deve ser utilizado com prescrição médica, considerando as características do tumor, o estágio da doença e o perfil clínico da paciente.

Seu uso é seguro quando monitorado por um especialista, e o tratamento do câncer de mama pode durar meses ou anos, conforme o plano estabelecido pelo médico. 

A medicação deve ser administrada via oral, geralmente uma vez ao dia, com o auxílio de um copo de água ou outro líquido. 

É importante que o comprimido seja ingerido inteiro, sem ser partido ou mastigado, para garantir a eficácia do medicamento.

Para que serve o Letrozol no câncer de mama?

O Letrozol é indicado no tratamento do câncer de mama receptor hormonal positivo (RH+), principalmente em mulheres na pós-menopausa. 

Sua principal função é reduzir os níveis de estrogênio, hormônio que favorece o crescimento de tumores mamários com positividade para RE (estrogênio) e RP (progesterona).

Ele pode ser utilizado de diferentes formas:

  • Tratamento adjuvante: após a cirurgia, para reduzir o risco de recidiva do câncer;
  • Tratamento neoadjuvante: antes da cirurgia, com o objetivo de reduzir o tamanho do tumor e facilitar sua retirada;
  • Metástases ou câncer avançado: para controle da doença quando ela já se espalhou para outros órgãos.

Por que o Letrozol é indicado para mulheres na pós-menopausa?

O medicamento é indicado principalmente para mulheres após a menopausa porque sua ação depende da forma como o estrogênio é produzido nesse período da vida. 

O Letrozol 2,5mg é uma das apresentações mais utilizadas, especialmente após a menopausa.

Após a menopausa, os ovários deixam de ser a principal fonte de estrogênio, e o hormônio passa a ser produzido em menor quantidade por meio da conversão de andrógenos em estrogênio em tecidos periféricos.

Como o Letrozol é um inibidor de aromatase, ele atua justamente bloqueando essa conversão, o que reduz os níveis de estrogênio no organismo. 

Antes da menopausa, no entanto, os ovários continuam a produzir grandes quantidades de estrogênio. 

Se o Letrozol for utilizado nesse período, o corpo pode responder à queda de estrogênio com um aumento da liberação de hormônios, o que anula o efeito desejado do tratamento.

Por isso, o medicamento isolado não é eficaz em mulheres na pré-menopausa para controle do câncer de mama.

Ele só pode ser utilizado nessas pacientes em conjunto com medicações que suprimem a função ovariana. 

Curiosamente, o Letrozol também pode ser utilizado em mulheres que desejam engravidar, justamente por sua capacidade de interferir no eixo hormonal e estimular os ovários de forma controlada.

Quais as evidências sobre a eficácia do Letrozol no tratamento de câncer de mama?

Um estudo sobre a avaliação de Letrozol e Tamoxifeno (ensaio BIG 1-98), mostrou que o uso do Letrozol como terapia inicial reduziu o risco de recorrência em mulheres na pós-menopausa com câncer de mama hormônio-dependente

A comparação foi feita em relação ao uso de tamoxifeno, que é amplamente utilizado no tratamento de câncer de mama como a primeira linha de tratamento.

Os participantes do estudo, um total de 8.010 pacientes, tomaram os medicamentos por cinco anos, em um grupo de ensaio randomizado:

  • Monoterapia com Letrozol;
  • Monoterapia com tamoxifeno;
  • Tratamento sequencial de letrozol (2 anos) seguido de tamoxifeno (3 anos);
  • Tratamento sequencial de tamoxifeno (2 anos) seguido de letrozol (3 anos).

Os pacientes que receberam Letrozol 2,5 mg isoladamente conseguiram ter uma taxa de sobrevida maior do que dos demais participantes do ensaio (73,8% contra 70,4% em 8 anos).

Outro estudo sobre o Letrozol no câncer de mama avançado (estudo PO25) também mostrou que os pacientes tiveram melhores resultados com o medicamento do que em comparação ao tamoxifeno.

A sobrevida global dos pacientes que receberam Letrozol supera a do grupo que tomou Tamoxifeno em 14 meses. 

De acordo com o estudo, isso significa que após um ano de tratamento, para cada grupo de 100 pacientes que recebem terapia endócrina, há um aumento de oito pacientes que permanecem livres da doença.

Assim, conforme esses estudos, o Letrozol demonstrou eficácia na prevenção da recorrência do câncer de mama quando usado após o tamoxifeno ou como primeira opção endócrina após a cirurgia.

Efeitos colaterais do Letrozol 2,5 mg e como lidar com eles

Apesar de altamente eficaz, o uso do medicamento pode desencadear efeitos colaterais. Por isso, em alguns casos, o médico pode trocar por Tamoxifeno, ao invés de interromper a terapia endócrina.

Veja abaixo quais são os efeitos colaterais associados ao Letrozol, segundo o Breastcancer.org:

Ondas de calor e sintomas de menopausa

Letrozol pode causar sensação súbita de calor, suores noturnos, fadiga, tonturas e insônia, semelhantes aos da menopausa. Tais sintomas geralmente aparecem nas primeiras semanas e podem diminuir com o tempo.

Dor nas articulações e nos ossos

Um dos efeitos mais comuns é a dor nas articulações (artralgia) e músculos (mialgia). Cerca de metade das pacientes apresentam esses sintomas, que podem levar à descontinuação precoce do tratamento em alguns casos.

Fragilidade óssea e risco de fraturas

O uso prolongado está associado a perda de densidade óssea, o que pode potencializar o risco de osteoporose e fraturas. Por isso, é recomendado a realização do exame de densitometria óssea de forma periódica.

Problemas cardiovasculares e aumento da pressão

Letrozol pode causar hipertensão e, potencialmente, impactar exames cardíacos, embora o risco de eventos graves, como infarto ou AVC, seja baixo.

Sintomas gastrointestinais e alterações no apetite

Náuseas leves, perda de apetite e, raramente, vômitos são relatados pelos pacientes. Geralmente, esses sintomas são moderados e melhoram com orientações nutricionais.

Efeitos gerais e menos comuns

Cefaleia, fadiga persistente, tontura e edema periférico podem ser frequentes entre os pacientes. Também é possível que apresentem alterações de humor, incluindo sintomas depressivos e insônia.

Alterações hormonais leves, como elevação de colesterol, são descritas e requerem acompanhamento. Uma queda leve de cabelo também pode ocorrer, mas geralmente é reversível.

Efeitos mais raros, porém relevantes

Sangramentos vaginais podem surgir nas primeiras semanas, o que deve ser acompanhado pelo médico. Caso o sintoma persista, é possível que recomende a troca do medicamento.

Em uma parcela muito pequena dos casos, surgem eventos graves como tromboses, problemas hepáticos, insuficiência renal, vômitos intensos ou dor intensa nas articulações, o que exige avaliação imediata.

Letrozol: preço e outros cuidados

O preço pode variar, mas o Letrozol 2,5mg com 30 comprimidos pode ser encontrado por volta de R$ 800. Além disso, o medicamento também está disponível no SUS.

É fundamental que, após a adesão ao tratamento, o paciente não interrompa precocemente a medicação, porque pode reduzir os benefícios e elevar as chances de retorno da doença.

Para garantir bons resultados com o uso do Letrozol, é essencial seguir corretamente a prescrição médica e manter o acompanhamento com o mastologista durante todo o tratamento. 

Esse controle permite avaliar a resposta ao medicamento, monitorar possíveis efeitos colaterais e fazer os ajustes necessários, se for o caso.

Outro ponto importante é que o remédio deve ser utilizado como parte de uma estratégia mais ampla no controle do câncer de mama. 

Isso inclui exames regulares, atenção aos sinais clínicos e um plano de tratamento individualizado, adaptado às necessidades de cada paciente.

Na Clínica FEMA, o tratamento com Letrozol faz parte do cuidado integral oferecido a mulheres com câncer de mama hormônio-dependente. 

A equipe médica acompanha de perto todas as etapas da jornada oncológica, do diagnóstico ao pós-tratamento, com foco na segurança, bem-estar e qualidade de vida da paciente.

Se você deseja tirar dúvidas sobre esse medicamento, agende uma consulta. 

O acompanhamento especializado é essencial para garantir a melhor resposta clínica e preservar a sua saúde mamária a longo prazo.

Conheça melhor os tratamentos disponibilizados pela Clínica FEMA.

Conheça o Dr. Felipe Andrade

Dr. Felipe Andrade médico mastologista do Hospital Einstein.

O Dr. Felipe Andrade é um médico mastologista graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina do ABC, com residência médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital das Clínicas da USP. 

O doutor é Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e Especialista em Mastologia pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).

Ele também é membro titular da American Society of Breast Surgeons (ASBrS) e sócio-titular da Sociedade Brasileira de Mastologia. 

Com Doutorado em Ciências da Saúde pelo Hospital Sírio-Libanês, seu foco de pesquisa é a qualidade do tratamento do câncer de mama. 

Além de sua atuação na Mastologia, também atua na área de Ginecologia para oferecer uma assistência integral e especializada à saúde da mulher.

Atualmente, o Dr. Felipe  Andrade atua como Mastologista Titular no Centro de Oncologia do Einstein Hospital Israelita e realiza seus atendimentos no Centro de Oncologia do hospital, na Unidade Jardins do Einstein Hospital Israelita.

Além disso, atua em sua clínica privada, a Clínica FEMA, localizada no bairro Indianópolis, São Paulo SP.

Conheça mais sobre seu trabalho no perfil do Instagram @cancerdemamaonline.

O Dr. Felipe Andrade está comprometido em fornecer informações médicas precisas sobre as condições mamárias. Para tornar certos temas mais acessíveis, ele pode recorrer ao uso de termos populares.

Embora possam ser inadequados em relação à terminologia médica correta, este recurso visa capacitar a população com conhecimento e facilitar o diálogo com os profissionais de saúde.

Posts Relacionados

O que causa câncer de mama: conheça os fatores de risco e como prevenir

O câncer de mama é uma doença multifatorial, causada pela interação entre fatores genéticos, hormonais e de estilo de vida. Ainda que não seja possível eliminar completamente o risco, é possível reduzi-lo de forma significativa por meio de hábitos saudáveis…...

outubro 7, 2025
Dr. Felipe Andrade
Mulher prestes a realizar exame de mamografia após saber o que causa câncer de mama realizando sinal de que está fazendo acompanhamento médico.

Dr. Felipe Andrade comparece ao IV Mama Nordeste

Nos dias 1 e 2 de agosto de 2025, o JCPM Trade Center, em Recife (PE), foi palco do IV Mama Nordeste, um dos principais encontros científicos do Nordeste dedicados ao câncer de mamal.  O evento reuniu especialistas de diversas…...

outubro 2, 2025
Dr. Felipe Andrade
Dr. Felipe Andrade palestrando no IV Mama Nordeste congresso sobre câncer de mama.