Sexualidade e Oncologia

• Psicoeducação: fornece informações sobre sexualidade e elimina tabus, promovendo autoconhecimento; • Psicoterapia: identificação das disfunções sexuais por meio de anamnese, seguida de tratamento clínico com psicoterapia, frequentemente envolvendo a participação ativa do parceiro. Terapia sexual de casal é aplicada quando necessário; • Tratamento para mulheres com câncer de mama: Além da psicoeducação, foco na reconstrução da autoestima e saúde geral, lidando com impactos na autoimagem, perfil hormonal e energia corporal devido ao tratamento do câncer. Abordagem inclui lubrificantes locais, laserterapia, meditação e fisioterapia. Com a anamnese identificando a disfunção sexual, o tratamento clinico com psicoterapia associada para alguns casos é estabelecido. Muitas vezes, necessitamos que a parceria participe ativamente do tratamento, pois a compreensão e colaboração mútua faz-se necessária para restabelecer a saúde sexual do casal. Para isso, aplico a terapia sexual de casal. Para as mulheres com câncer de mama prévio, ou em tratamento, além da psicoeducação, trabalho para o restabelecimento da auto-estima e da saúde geral. Muitos tratamentos para o câncer de mama afetam inicialmente a auto-imagem, o perfil hormonal, e energia corporal diária, que já podem produzir queda no desejo sexual e excitação. Por vezes, a menopausa produzida pela quimioterapia pode levar às dores na relação, devido à secura vaginal. Estes casos tem tratamento com lubrificantes locais e laserterapia. Também estimulo e ensino meditação para melhorar o foco no momento. Hoje em dia, com o ritmo acelerado da vida, temos dificuldade de estarmos presentes no aqui e agora. E a meditação eleva o bem-estar e auxilia no auto-conhecimento e auto-estima, importantes quesitos para saúde geral e sexual.

A missão do sexólogo é restaurar a saúde sexual e a feminilidade das pacientes enfrentando disfunções sexuais devido a diversas razões, como queda do desejo, dificuldade de orgasmo, dores na relação sexual ou vaginismo.  As disfunções sexuais são comuns, afetando de 35 a 50% das mulheres, e a atividade sexual é fundamental para o bem-estar físico e emocional. A sexologia também oferece suporte integral, permitindo que as mulheres enfrentem o câncer de mama com dignidade, recuperando não apenas sua saúde sexual, mas também sua autoestima e bem-estar pessoal e relacional.

• Impacto na libido: cirurgias, radioterapia e quimioterapia podem afetar a autoimagem e sensibilidade, levando a mudanças no desejo e excitação sexual. A menopausa causada pela quimioterapia também pode resultar em secura vaginal e diminuição da libido; • Soluções e tratamentos: uso de cremes, lubrificantes, laserterapia e fisioterapia para tratar sintomas, promovendo conforto e bem-estar sexual.

Sim, a libido poderá diminuir durante o tratamento por diversos fatores. A cirurgia pode afetar a autoimagem da paciente, fator muito importante para autoestima, resultando na queda da libido e excitação sexual. Além disso, a sensibilidade pode ou não ser afetada pela cirurgia e radioterapia, e se as mamas forem uma área erógena importante, teremos que trabalhar para alterar o script sexual daquela paciente. A quimioterapia, ao evoluir com queda da produção hormonal pelos ovários, estabelecendo a menopausa transitória ou permanentemente, leva à redução da lubrificação e elasticidade vaginal assim como diminuição da libido. Como é proscrita a terapia hormonal em pacientes com câncer de mama, fazemos tratamentos com cremes e lubrificantes locais, laserterapia e fisioterapia para a musculatura perineal.

Não se pode prescrever hormônios para pacientes com câncer de mama, mas existem medicamentos, como alguns antidepressivos ou fitoterápicos, que ao melhorarem o bem-estar geral e reduzirem os calores da menopausa, melhoram a receptividade sexual. Além disto, a fisioterapia perineal, a meditação, a psicoeducação e a psicoterapia, elevam a auto-estima que é um dos principais fatores para libido e excitação sexual.

Como eu salientei acima, o envolvimento da parceria no tratamento da mulher com câncer de mama é essencial. Geralmente o mastologista ao explicar as questões acerca do tratamento para o câncer, ajuda o casal a entender o processo todo. E as questões ligadas à sexualidade devem ser vistas com um profissional habilitado, como o sexólogo, em consultas individuais e do casal.

Pacientes submetidas ao tratamento para câncer de mama devem usar anticoncepção não hormonal segura, pois a ocorrência de uma gravidez alteraria todo o planejamento terapêutico da doença. Assim, estimulamos o uso do dispositivo intra-uterino de cobre ou a vasectomia do parceiro nos casais que tem prole constituída. O uso do preservativo durante a quimioterapia pode ajudar a evitar casos de recidiva de infecções genitais, em especial fungos, pois é uma fase na qual ocorre queda da imunidade. Eu costumo dizer que fases de crise em nossas vidas servem para aprimorarmos nossa percepção a respeito da simplicidade e da sutileza das nossas relações pessoais. E, na doença, eu conduzo estas mulheres a um novo olhar para si mesmas e suas vidas, auxiliando-as a viver cada momento com prazer. Assim, a terapia sexual, com suas diversas ferramentas, pode ensejar o início de uma vida mais plena no âmbito pessoal e relacional.