Células cancerígenas circulando em corrente sanguínea para representar que após mastectomia o câncer pode voltar.

Após mastectomia, o câncer pode voltar?

Os artigos publicados neste Blog têm o intuito de educar e desmistificar crenças populares acerca do câncer de mama, assim como de todas as condições mamárias benignas e malignas que afetam a saúde da mulher. 

Ao longo do material, você pode encontrar termos populares que não correspondem aos termos médicos corretos. Recorremos a este recurso para facilitar a compreensão e o entendimento das condições mamárias e, assim, conscientizar a população sobre os cuidados necessários para a prevenção e tratamento dessas condições.

Células cancerígenas circulando em corrente sanguínea para representar que após mastectomia o câncer pode voltar.

O tratamento cirúrgico é a principal abordagem para remover lesões e tumores benignos e malignos, mas, após a mastectomia, o câncer pode voltar?

A resposta para esta pergunta depende de alguns fatores, por exemplo, a presença de mutações genéticas ou a disseminação de células cancerígenas na corrente sanguínea ou sistema linfático.

Neste artigo, vamos esclarecer melhor como funciona a remoção cirúrgica do tumor, em quais casos são necessários combinar outros tratamentos e por que o câncer de mama pode voltar após a mastectomia.

Após a mastectomia, o câncer pode voltar?

Ao seguir com o tratamento adequado para o diagnóstico, e com o acompanhamento regular do médico, as taxas de recidiva do câncer de mama são baixas.

Caso haja tecido residual após a cirurgia, é possível que o câncer se desenvolva novamente nas mamas ou no tórax. Nesse caso, chama-se de recidiva local. Mas, se a lesão aparecer nos linfonodos axilares, chamamos de recidiva regional.

Além disso, um novo câncer pode aparecer no local, originado das células mutantes. Portanto, o caso pode não se tratar propriamente de uma recidiva.

Independentemente disso, o tratamento do câncer de mama deve ocorrer da mesma forma, semelhante à lesão primária. Mas, recomenda-se realizar uma investigação mais detalhada para evitar o aparecimento de novas lesões.

É importante que os pacientes monitorem o aparecimento de sintomas que possam indicar que o câncer voltou, como nódulos, vermelhidão, úlceras ou espessamento da pele.

Como prevenir o câncer de mama?

A cirurgia preventiva, chamada de mastectomia profilática, pode reduzir em até 90% o risco de câncer de mama.  

Essa abordagem é indicada para pacientes com histórico familiar, que possuem maior probabilidade de desenvolver o câncer nas mamas. 

Assim sendo, paciente e médico devem discutir sobre os benefícios da cirurgia de remoção, principalmente se já for detectado alguma alteração nas mamas.

Para pacientes com genes BRCA1 ou BRCA2 positivos, recomenda-se a mastectomia bilateral, isto é, a remoção de ambas as mamas.

Segundo o National Cancer Institute (NCI), o tratamento cirúrgico pode reduzir em até 95% os riscos do indivíduo desenvolver câncer de mama.

Pacientes que já receberam o diagnóstico em uma das mamas podem optar pela realização da cirurgia unilateral ou bilateral.

Nesse caso, o procedimento é chamado de mastectomia profilática contralateral. Ele é indicado principalmente se for identificado mutação genética ou histórico familiar no paciente.

É importante ressaltar que apenas a mastectomia não tem a capacidade de eliminar células cancerígenas que já tenham alcançados outras regiões do corpo, como ocorre com o câncer de mama metastático.

Por isso, é essencial seguir com um plano de tratamento completo, que destrua qualquer célula tumoral remanescente no corpo.

Como funciona o tratamento de câncer de mama?

Apesar de existirem vários tipos de câncer de mama, a principal abordagem para estas condições consiste na remoção cirúrgica do tumor no local e dos tecidos ao redor que podem ter sido comprometidos.

Mas, o tratamento também precisa considerar outros fatores que podem ocasionar a recidiva do câncer de mama. 

Portanto,a abordagem de cada paciente é planejada de forma individualizada de acordo com seu diagnóstico, o que permite um tratamento de câncer de mama mais assertivo.

Abaixo, veja alguns objetivos que são considerados para definir as abordagens, de acordo com a histologia do câncer de mama, ou seja, suas características:

Eliminar alvos celulares específicos

A presença de genes específicos podem desregular o funcionamento celular, causando anomalias que interferem na multiplicação celular, assim como na apoptose, como é chamada a morte celular programada.

O câncer de mama HER2-positivo (HER2+), por exemplo, significa que as células cancerígenas possuem receptores para a proteína HER2, no exterior das células mamárias, que é responsável pelo seu rápido crescimento.

Este tipo de câncer é agressivo e tem o potencial de contaminar tecidos adjacentes ou em outras partes do corpo, já que as células podem disseminar-se pela corrente sanguínea ou pelo sistema linfático.

Por isso, além da remoção cirúrgica do tumor e de uma margem de tecido, é necessário realizar um tratamento mais específico, como a terapia-alvo.

Os medicamentos utilizados conseguem detectar alvos celulares, como a proteína HER2, para reduzir o crescimento das células tumorais. Dessa forma, as probabilidades do paciente ter uma recidiva são reduzidas significativamente.

Tumores com receptores hormonais precisam ser tratados, além da cirurgia, com terapia endócrina ou hormonioterapia.

Dessa forma, é possível reduzir os níveis de hormônios como estrogênio, progesterona e testosterona, que estimulam o crescimento das células cancerígenas com receptores.

Eliminar células cancerígenas remanescentes

O uso da quimioterapia, por outro lado, é indicada principalmente para tumores agressivos, que podem ter invadido sistemas que permitam sua disseminação pelo corpo, para destruir qualquer tecido residual após a cirurgia. 

Este tratamento também pode ser utilizado para eliminar células cancerígenas antes da cirurgia, para evitar a disseminação do câncer por meio de metástases antes da remoção cirúrgica e, assim, diminuir as áreas afetadas.

Os medicamentos administrados possuem ação sistêmica, isto é, percorrem por todo o organismo, sem distinguir as células cancerígenas das células saudáveis.

A radioterapia também não possui a capacidade de atingir alvos específicos, contudo, sua ação ocorre apenas no local afetado pelo câncer.

Este tratamento é realizado após a cirurgia, para destruir qualquer tecido residual, inclusive células tumorais que possam ter alcançado linfonodos ou regiões próximas.

Conheça o Dr. Felipe Andrade

Dr. Felipe Andrade médico mastologista do Hospital Einstein.

O Dr. Felipe Andrade é um médico mastologista graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina do ABC, com residência médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital das Clínicas da USP. 

O doutor é Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e Especialista em Mastologia pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).

Ele também é membro titular da American Society of Breast Surgeons (ASBrS) e sócio-titular da Sociedade Brasileira de Mastologia. 

Com Doutorado em Ciências da Saúde pelo Hospital Sírio-Libanês, seu foco de pesquisa é a qualidade do tratamento do câncer de mama. 

Além de sua atuação na Mastologia, também atua na área de ginecologia para oferecer uma assistência integral e especializada à saúde da mulher.

Atualmente, o Dr. Felipe  Andrade atua como Mastologista Titular no Centro de Oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein e realiza seus atendimentos no Centro de Oncologia do hospital, na Unidade Jardins do Hospital Albert Einstein.

Além disso, atua em sua clínica privada, a Clínica FEMA, localizada no bairro Indianópolis, São Paulo SP.

Conheça mais sobre seu trabalho no perfil do Instagram @cancerdemamaonline.

O Dr. Felipe Andrade está comprometido em fornecer informações médicas precisas sobre as condições mamárias. Para tornar certos temas mais acessíveis, ele pode recorrer ao uso de termos populares.

Embora possam ser inadequados em relação à terminologia médica correta, este recurso visa capacitar a população com conhecimento e facilitar o diálogo com os profissionais de saúde.

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