Os artigos publicados neste Blog têm o intuito de educar e desmistificar crenças populares acerca do câncer de mama, assim como de todas as condições mamárias benignas e malignas que afetam a saúde da mulher.
Ao longo do material, você pode encontrar termos populares que não correspondem aos termos médicos corretos. Recorremos a este recurso para facilitar a compreensão e o entendimento das condições mamárias e, assim, conscientizar a população sobre os cuidados necessários para a prevenção e tratamento dessas condições.

A abordagem do tratamento do câncer de mama depende de vários fatores, como saúde do paciente, estilo de vida, histórico e predisposição genética, tipo e estágio de câncer.
Por isso, o protocolo de cada caso é planejado de acordo com uma avaliação minuciosa de diferentes exames, que revela o tamanho e localização dos tumores, além de considerar as necessidades e desejos dos pacientes.
Confira neste material como é o tratamento do câncer de mama, quais são as principais abordagens e em que momento os procedimentos são mais indicados.
Qual o tratamento do câncer de mama?
O principal objetivo do tratamento é eliminar as células cancerígenas do local de origem, ou de outras partes do corpo em caso de metástases, e garantir que não haja tecidos residuais que possam causar recidiva.
Em diagnósticos de câncer de mama em estágios mais avançados, e comprometimento de diversos tecidos pelo corpo, o tratamento adquire abordagem paliativa, para prolongar a sobrevida e oferecer conforto ao paciente.
Cirurgia
O tratamento cirúrgico do câncer de mama faz parte da maioria dos diagnósticos, a depender da avaliação da equipe médica.
É necessário remover o tumor, assim como os tecidos circundantes, cuja área varia conforme o tipo de câncer e seu estágio.
A cirurgia de remoção pode apresentar uma abordagem mais radical, que consiste na retirada de todo ou da maior parte do tecido mamário.
Mas também é possível seguir uma abordagem conservadora, que consegue preservar significativamente a integridade das mamas e dos seios.
Além disso, é possível realizar o procedimento em apenas uma das mamas (mastectomia unilateral) ou em ambos os lados (mastectomia bilateral). A decisão é baseada de acordo com o tipo de câncer e o histórico familiar do paciente.
- Mastectomia radical à Halsted: destinada a tumores mais agressivos ou estágios mais avançados, contudo, pouco realizada atualmente. Remove todo o tecido mamário, músculos, glândulas mamárias e linfonodos axilares de ambas as mamas;
- Mastectomia radical modificada: remove toda a mama (incluindo pele, aréola e mamilo), além dos linfonodos axilares, mas é possível preservar os músculos peitorais se não estiverem comprometidos;
- Mastectomia simples: destinada a tumores em estágios iniciais ou como medida de prevenção. Remove toda a mama (pele, aréola, mamilo e glândulas) e possivelmente alguns linfonodos, mas os músculos são preservados;
- Mastectomia poupadora de pele: preserva a maior parte da pele da mama, mas remove tecido mamário, mamilo e aréola.
- Mastectomia poupadora de mamilo: além de preservar a pele da mama, também é possível manter o mamilo e a pele ao redor;
- Setorectomia (cirurgia conservadora da mama): indicada para tumores em estágios iniciais. Remove apenas o tumor com uma pequena margem de tecido ao redor, portanto, preserva a maior parte da mama.
Além da cirurgia de remoção, o médico pode realizar o procedimento de reconstrução mamária em seguida, ou posteriormente. Contudo, a possibilidade depende da preservação da pele da mama.
Radioterapia
A dose de radiação é calculada de acordo com o resultado de exames que fornecem informações detalhadas, como tomografia e ressonância magnética, para minimizar os impactos em tecidos saudáveis próximos ao tumor.
Existem dois tipos principais de radioterapia, cada um com aplicações e benefícios específicos:
- Radioterapia externa: o equipamento é posicionado a um metro do corpo do paciente, que emite feixes de radiação direcionados à área afetada. Geralmente, é indicada após o tratamento cirúrgico para eliminar células residuais e reduzir o risco de recidiva;
- Braquiterapia: promove um tratamento mais localizado, em que a fonte de radiação é colocada muito próxima ou dentro da área afetada. Sua recomendação ocorre para tumores menores, próximos a órgãos importantes ou extremidades do corpo.
Mesmo após a remoção completa do tecido mamário, a radioterapia pode ser necessária caso as células cancerígenas tenham invadido outros tecidos, como linfonodos ou regiões próximas.
A radioterapia também pode ser aplicada em câncer em estágio avançado, quando há comprometimento de linfonodos ou metástases.
Nesses casos, a radioterapia é usada para controlar o crescimento do tumor e aliviar os sintomas, para proporcionar mais conforto ao paciente.
Em caso de recidiva, o tratamento também pode ser realizado para controlar a progressão do câncer.
Quimioterapia
A quimioterapia é um tratamento que utiliza medicamentos específicos para destruir células cancerígenas, que podem ser administradas por via oral ou intravenosa.
Esses medicamentos percorrem todo o corpo pela corrente sanguínea, eliminando células malignas tanto na região do tumor quanto em outros locais onde o câncer pode ter se espalhado.
No caso de câncer de mama, a quimioterapia pode ser indicada em dois momentos principais:
- Antes da cirurgia (neoadjuvante): indicada para tumores maiores ou localmente avançados, com o objetivo de reduzir o tamanho do tumor e, assim, facilitar a remoção cirúrgica e aumentar as chances de preservação da mama;
- Após a cirurgia (adjuvante): realizada para eliminar possíveis células cancerígenas remanescentes, reduzindo o risco de recidiva e aumentando as chances de cura.
Apesar de eficaz, a quimioterapia também apresenta efeitos colaterais, já que afetam tecidos saudáveis além das células malignas.
Por isso, recomenda-se o tratamento apenas quando os benefícios superam os malefícios.
Além disso, é importante ressaltar que nem todos os casos de câncer de mama necessitam de quimioterapia.
Casos de câncer de mama in situ (não invasivo), por exemplo, geralmente não requerem quimioterapia, porque as células cancerígenas estão confinadas ao local de origem e não têm capacidade de invadir outros tecidos.
Terapia endócrina
É uma abordagem que pode integrar o tratamento para câncer de mama, daqueles que estão relacionados aos hormônios sexuais.
A terapia endócrina tem a finalidade de reduzir ou bloquear os efeitos de hormônios como estrogênio, progesterona e testosterona, que podem estimular o crescimento de células cancerígenas.
Além disso, o tratamento tem ação sistêmica no organismo, ou seja, atinge todas as partes do corpo, o que se torna especialmente útil no controle de tumores que disseminaram para além do seu local de origem.
O tratamento é amplamente utilizado devido à sua alta tolerância pelos pacientes e baixa incidência de efeitos colaterais do tratamento do câncer de mama, o que possibilita sua aplicação em diferentes estágios da doença.
No caso do câncer de mama, a terapia hormonal pode ser usada para reduzir o risco de recorrência após cirurgia e radioterapia ou para retardar o crescimento do tumor e controlar os sintomas.
Os medicamentos mais comuns incluem:
- Moduladores seletivos do receptor de estrogênio, como o tamoxifeno, que bloqueiam a ação do estrogênio nas células mamárias;
- Inibidores de aromatase, como letrozol e anastrozol, que reduzem a produção de estrogênio em mulheres na pós-menopausa.
Terapia-alvo (biológica)
A terapia-alvo é um dos avanços no tratamento do câncer de mama mais notáveis, porque sua ação ocorre diretamente em moléculas específicas presentes nas células tumorais.
Essa abordagem permite tratamentos mais precisos, com menos impacto em células saudáveis e, por consequência, menos efeitos colaterais em comparação à quimioterapia tradicional.
As células humanas possuem diversas proteínas e moléculas que regulam processos essenciais, como a divisão celular, a resposta aos estímulos e a morte programada (apoptose).
Nas células cancerígenas, essas funções muitas vezes ocorrem de forma descontrolada.
Assim sendo, a terapia-alvo busca identificar e atacar as moléculas que estejam alteradas ou “superativadas” em células tumorais, que promovem o crescimento e a sobrevivência do tumor.
Dessa forma, é possível minimizar danos aos tecidos saudáveis ou adjacentes, além de planejar um tratamento individualizado para cada paciente. Contudo, é importante ressaltar que sua recomendação depende do tipo e subtipo do câncer.
Medicamentos como o trastuzumabe (Herceptin) atacam a proteína HER2, que promove o crescimento de tumores em pacientes com esse subtipo de câncer de mama.
Conheça o Dr. Felipe Andrade

O Dr. Felipe Andrade é um médico mastologista graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina do ABC, com residência médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital das Clínicas da USP.
O doutor é Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e Especialista em Mastologia pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).
Com Doutorado em Ciências da Saúde pelo Hospital Sírio-Libanês, seu foco de pesquisa é a qualidade do tratamento do câncer de mama.
Ele é membro titular da American Society of Breast Surgeons (ASBrS) e sócio-titular da Sociedade Brasileira de Mastologia.
Além de sua atuação na Mastologia, também atua na área de ginecologia para oferecer uma assistência integral e especializada à saúde da mulher.
Atualmente, o Dr. Felipe Andrade atua como Mastologista Titular no Centro de Oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein e realiza seus atendimentos no Centro de Oncologia do hospital, na Unidade Jardins do Hospital Albert Einstein.
Além disso, atua em sua clínica privada, a Clínica FEMA, localizada no bairro Indianópolis, São Paulo SP.
Conheça mais sobre seu trabalho no perfil do Instagram @cancerdemamaonline.
O Dr. Felipe Andrade está comprometido em fornecer informações médicas precisas sobre as condições mamárias. Para tornar certos temas mais acessíveis, ele pode recorrer ao uso de termos populares.
Embora possam ser inadequados em relação à terminologia médica correta, este recurso visa capacitar a população com conhecimento e facilitar o diálogo com os profissionais de saúde.