Radioterapia

Minha especialidade é chamada de radioterapia. A palavra “radioterapia” é o nome do tratamento em que o médico radio-oncologista (antigamente chamado de radioterapêuta) prescreve radiação para o tratamento de várias doenças, dentre elas o câncer. Além de indicar e prescrever, o radio-oncologista acompanha o tratamento e faz o tratamento de eventuais sintomas relacionados a ele.

A radioterapia é um tratamento essencial para vários tipos de câncer e até para algumas doenças benignas.  É conduzida por médicos especializados, chamados radio-oncologistas, que prescrevem o tratamento baseado em energias específicas para destruir as células cancerígenas.  Além de indicar e prescrever, eles também monitoram o tratamento e lidam com sintomas relacionados.

Utilizamos várias formas de radiação, e podemos dividir os tratamentos de acordo com as duas formas mais comuns: 1 – radioterapia externa: a radiação é emitida a partir de um equipamento que fica relativamente longe da região a ser tratada (cerca de 1 metro). Esse tratamento é feito em aplicações diárias. 2 – braquiterapia: a radiação é emitida a partir de uma fonte natural de radiação, controlada por um equipamento e colocada bem perto da região a ser tratada. No tratamento do câncer de mama, a primeira forma acima é a mais comum.

Existem dois tipos principais de radioterapia:  • Externa: onde a radiação é emitida de uma máquina fora do corpo, o aparelho fica cerca de 1 metro distante do paciente, costuma ter aplicações diárias; • Braquiterapia: a fonte de radiação é colocada próxima ao tumor.  Para o câncer de mama, a radioterapia externa é a mais comum. É essencial discutir as opções de tratamento com a equipe médica para escolher o método mais adequado. Os radio-oncologistas podem esclarecer dúvidas e orientar sobre os efeitos colaterais, garantindo o melhor cuidado para cada caso.

A radioterapia externa geralmente dura de 5 a 10 minutos por sessão, realizada diariamente ao longo de diferentes períodos. Hoje em dia o tratamento mais comum em relação ao câncer de mama é efetuado em no máximo 15 aplicações. Alguns tipos de tratamento podem ser realizados até em 5 dias e quem define isso é o médico.  A braquiterapia é uma forma mais rápida de radioterapia, chamada radioterapia intraoperatória, também são opções, dependendo do caso.

O cabelo pode cair apenas na área onde a radiação é recebida. Para os tratamentos radioterápicos na mama, não ocorre a queda do cabelo.

Durante a radioterapia, os efeitos colaterais são geralmente leves e não interrompem o tratamento. Os pacientes podem experimentar: • Radiodermite (mudanças na pele tratada); • O cabelo pode cair apenas na região que recebe a radiação; • Cansaço; • E, ocasionalmente, dificuldade para engolir sólidos.  Após o tratamento, podem ocorrer efeitos tardios como fibrose (aumento da consistência da mama tratada) e inchaço do braço do mesmo lado da mama tratada (linfedema).

Após o tratamento, entre 3 e 6 meses podem ocorrer alguns efeitos tardios: 1 – Fibrose: o aumento da consistência da mama tratada, em comparação com a que não foi tratada. Usualmente é um efeito irrelevante, mas caso houver prótese na mama tratada, a fibrose pode fazer com que haja insatisfação cosmética a longo prazo. É possível minimizar a chance de ter a fibrose com algumas medidas e tratamentos, principalmente com o uso de técnicas de radioterapia contemporâneas. 2 – Inchaço do braço (linfedema): o braço do mesmo lado da mama tratada pode ficar inchado, devido ao dano no sistema linfático que a presença do câncer e também os tratamentos provocam (cirurgia, quimioterapia, radioterapia). O risco de esse efeito ocorrer é baixo e pode ser minimizado com uma reabilitação pós-operatória bem feita (fisioterapia), e também com técnicas de radioterapia contemporâneas. Um receio que os pacientes têm diz respeito à poder atingir os pulmões, a tireoide e o coração. Com o uso de técnicas contemporâneas de radioterapia, é possível minimizar a irradiação desnecessária de todas as estruturas sadias adjacentes à mama.

Os efeitos que ocorrem durante o tratamento têm resolução completa após algumas semanas. Os efeitos tardios podem diminuir com o tempo, mas uma vez instalados eles não desaparecem totalmente.

Pode até parecer contraditório afirmar que a atividade física cause benefícios sabendo que a radioterapia pode provocar fadiga, e desde que não haja nenhuma contraindicação, a atividade física é muito benvinda durante a radioterapia, mas deve ser feita sem excessos. Há várias hipóteses bem estudadas acerca do seu benefício, principalmente pelo aumento da circulação e oxigenação tecidual, que ajuda a radiação ser mais efetiva no câncer e também propicia uma recuperação mais rápida dos efeitos colaterais.

A radioterapia usualmente é feita entre 5 e 6 semanas, mas há algumas situações que esse tratamento pode ser encurtado para um período entre 3 e 4 semanas, com o mesmo resultado. Há ainda uma forma de radioterapia onde, em vez de 5 a 6 semanas, todo o tratamento radioterápico pode ser feito em uma única aplicação, no mesmo ato da cirurgia (chamada radioterapia intra-operatória), que também apresenta a mesma efetividade e menos efeitos colaterais. Para saber qual o melhor tratamento para cada caso, é necessário o esclarecimento com os seus médicos.